Minha
ultima publicação ocorreu em abril de 2014, a mais de dois anos, por essa razão
vou fazer uma breve retrospectiva desses 24 meses:
Em
agosto de 2014 e 2015 realizei por determinação do Cirurgião de Cabeça e
Pescoço que me operou o Dr. Marclei Brites Luzardo, uma bateria de exames clínicos
e de imagens, para avaliação anual de meu estado de saúde e graças a Deus estou
muito bem. Acredito que seja fundamental para todos nós que fomos submetidos a
uma Laringectomia Total, manter esse controle anual.
Tenho participado das Reuniões do “GALA”- Grupo de Apoio ao Laringectomizado Total no
Hospital Santa Rita do Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre/RS, coordenado
pela fonoaudióloga Vera Beatris Martins, que é uma voluntária muito dedicada ao grupo e com a colaboração
da Musicoterapeuta Silvia Martini Karpss estão voltado a reativar o Coral do
Gala. E nas comemorações ao Dia Mundial da Voz, o Coral fez duas apresentações.
Essas apresentações aconteceram no dia 13 de abril de 2016 no Auditório do
Hospital Santa Rita e dia 15 de abril de 2016 no Auditório da “UFCSPA”
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIA DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE. APRESENTAÇÃO DO DIA 13 DE ABRIL 2016.
APRESENTAÇÃO DO DIA 15 DE ABRIL DE 2016.
Ciência comprova benefícios de cantar para paciente com câncer.
De
acordo com o estudo britânico, que acompanhou 193 pacientes com tumor, os
participantes do coral se sentiam menos irritados e tensos e mais confiantes.
Foram colhidas deles também amostras de saliva, que indicaram melhora na
imunidade e queda na quantidade de inflamações.
Temos
um colega no Grupo “GALA”, o paciente Gilberto Sant’Anna que é Laringectomizado
Total e é testemunha dos benefícios do Coral, pois foi operado a mais de quatro
anos e até o início dos ensaios do Coral não falava praticamente nada e após os
ensaios e apresentações dos quais sempre participou, começou a falar com voz
esofágica e hoje já esta falando muito bem e não foi só a fala que melhorou,
como diz a sua esposa: - “Hoje o Gilberto tem um bom humor o que não ocorria
antigamente. . .”.
Antes da apresentação do Coral do Gala na “UFCSPA”
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIA DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE, nas comemorações do
Dia Mundial da Voz de 2016, foi
apresentado um vídeo onde eu faço um depoimento sobre “MINHA VOZ MINHA
IDENTIDADE”:
Minha voz minha identidade.
A voz
é o meio de comunicação mais primitivo, é através da voz que conseguimos nos
expressar e fazer com que as pessoas nos ouçam e nos compreendam.
Podemos
também dizer que a voz é nossa identidade vocal e está presente desde que
nascemos, como o primeiro choro, até a velhice.
A voz tem o papel de transmitir os nossos sentimentos, revelar quem
somos e nossa personalidade.
Outro
aspecto na construção da voz é o fator social. Em cada região há pequenas
diferenças em como se fala e no padrão de voz. Os vocabulários e expressões
fazem parte da cultura de cada local e forma o regionalismo, nos permitindo
situar o lugar que o sujeito vive ou nasceu.
Ao
ouvir uma voz conseguimos sugerir se é uma criança, um adulto ou idoso, bem
como seu sexo.
Podemos
também dizer que a voz é um documento, pois uma das principais características
da voz é o timbre e por ele podemos reconhecer uma pessoa, mesmo que não esteja
na nossa presença, por exemplo, pelo telefone ou pelo rádio.
A
frequência e intensidade de uma voz, a velocidade da fala, pausas, o
regionalismo, todos esses traços vocais que constroem a qualidade de uma voz e
nos auxiliam no reconhecimento de pessoas.
É por
esta razão que a voz é considerada nossa marca registrada, nossa identidade,
assim como a impressão digital.
Nos
Laringectomizado Total, quando perdemos nossas pregas vocais, para nos
livrarmos do câncer de Laringe, perdemos com isso, parte de nossa identidade,
porque perdemos a voz. Mesmo falando com voz esofágica como é o meu caso, não
seremos mais reconhecido pela voz.
Por
esta razão, devemos ser amigo de nossa voz e ter um cuidado especial por ela,
para não perdermos parte importante de nossa identidade.
Pense
nisso!
Osório José Amandio
AULAS NA
“UFCSPA”
Continuo participado a convite da
Dra. Mauriceia Casol e da Mestre Camila Gadenz, todos os semestres das aulas da
disciplina de Patologia e Avaliação da Voz, ministradas para a turma do
terceiro ano do curso de fonoaudiologia da Universidade Federal de Ciências da
Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), relatando
a minha história e experiências durante o processo de doença e reabilitação.
Não posso deixar de dizer
mais uma vez, que a iniciativa da Dra. Mauriceia Casol e da Mestre Camila
Gadenz, em ministrarem aulas com abordagem do conceito da Laringectomia, suas
causas e sequelas, a incidência, prevalência e etiologia do câncer de laringe,
é de grande importância para os alunos em fonoaudiologia que irão colar grau na
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre/RS (UFCSPA), pois
serão profissionais que terão um bom conhecimento em relação aos problemas de
voz enfrentado por um Laringectomizado, o que não ocorre com vários
profissionais dessa área.
"Não há que ser forte. Há que ser flexível. "Provérbio Chinês.
Todo mundo sabe o quão difícil é superar certos obstáculos, os problemas às vezes parecem não ter solução e a primeira coisa que nos vem à cabeça é: “preciso ser forte”, “preciso me fortalecer para superar os obstáculos que foram colocados na minha vida”. Mas, muitas vezes esse “fortalecer-se” é fechar-se, é não enxergar outras possibilidades, é pensar que ser forte é ser intransponível, quando na verdade, ser forte é ser flexível.